O AGRONEGÓCIO É “POP”, É “TUDO”, É TÓXICO, É CANCERÍGENO, É ASSASSINO – Armison Rodrigues Pereira

04/03/2018 02:51

 

 

O Agro “pop” é também o que assassina,

De Chico Mendes a Dorothy Stang,

De indígenas a camponeses,

De quilombolas a sem terras…

Tantos outros nomes...

Tantas outras vidas no anonimato exauridas.

 

O Agro “tech” é também o que escraviza,

O que expropria, o que desemprega,

O que utiliza do trabalho infantil,

O que produz o latifúndio e a bancada ruralista!

 

O Agro “tudo” é uma inquisição dos donos dessas terras,

Do cerrado e do sertão, dos pampas e dos rincões…

O que sobra a essa gente é o título de invasores, bandidos e ladrões.

 

O Agro é “tudo”, é tóxico, é cancerígena, é suicida…

Contamina rios, lagos, lençóis freáticos,

Ar e o estômago de quem se serve de seu regime (anti)nutricionista.

 

O Agro é “PIB” este número monstruoso,

Forjado ao homicídio doloso!

No subsolo vaidoso de seu escrutínio

Viceja o manto perverso da economia,

Mais valia, ultimato do homem numérico: o bóia fria.

 

Da O-BASF, DOW, BAYER, SYNGENTA, DUPONT e MONSANTO

Saem os agrotóxicos, venenos consentidos com o selo da Anvisa.

Delas saem sementes transgênicas e seus insumos químicos

Que matam o solo, homens e as “ervas daninhas”?

 

A Monsanto esteve em campos vietnamitas,

Exterminando e mutilando vidas

- Quatro milhões, num cálculo impreciso –

O holocausto do agente laranja, está imbricado no Roundup,

Herbicida máster da biotecnologia.

 

A ancestralidade foi perdida no trato com a terra em seu pousio.

Restou o “progresso” predador, dilapidador dos homens bula,

Servis dos roteiros pesticidas e herbicidas…

Eis que fundou-se a (macro)economia tanatopolítica.

 

Nenhum conhecimento é válido ante a razão científica,

Utilitarista, capitalista, monetarista.

Vandana Shiva nos falou da “monocultura da mente”,

Ditadura contra a Agroecologia e Agrofloresta!

Ditadura contra biodiversidade e o pensamento pluralista.  

 

O veneno está à mesa, na sobremesa da semente agredida,

Proibida de ser ela mesma, vida, viva.

O veneno está à mesa e, também, no leite que os filhos amamentam

- desde a placenta - os tumores malignos dessa sina sentença.

 

Os desertos verdes de eucaliptos e acácias negras enganam os olhos,

Sedento, erodindo e salinizando está o solo.

Não há um só modo de produzir,

Basta ver as Coivaras e as sementes crioulas!

 

O “Blue Gold” do século XXI, encena aparição...

Água na bolsa de valores, commodity ao leilão.

Escassez não é falta, é rapto, apropriação!

Virá guerra de trincheiras, terá drones de prontidão!

A sede pedirá água, a água pedirá leito que escoe seu Jordão.

 

Onde mora o campesinato,

Das​ formas de ajuda mutua e do mutirão?

Onde viceja a reciprocidade em tempos de acirração,

Individualismos e competições?

Há modos de vida e de produção

Que não se subjugaram a enlatada industrialização.

 

Há as feiras de causos, do queijo curado,

De garapas, de rapaduras e melados…

Há a festa de São João.

Há os saberes milenares das plantas medicinais,

Há a reza, a folia, a oração.

 

Há um mundo estereotipado, júbilo do que é “feio”, “atrasado”.

É o “jeca”, o “da roça”, o “preguiçoso”, o “sem cultura” …

Este preconceito de atadura é tecnocrático,

D’um universo zumbificado de deuses autoritários…

 

Há outras vozes da alteridade,

Do tempo da natureza e do cantar do galo,

Da lua da ribanceira e das serestas orvalhadas.

Nestas terras o exportado é a fome e o capital é o humano.

 

Armison Rodrigues Pereira

Licenciado em Geografia pela Universidade Estadual de Goiás.

Especialista em Docência Universitária e em Metodologia do Ensino de História e Geografia, 

ambas pela Faculdade Ávila de Ciências Humanas e Exatas, LIBER, Brasil.

Professor de Geografia da Escola SESI SAMA, Minaçu-GO.

E-mail: armisonrp@gmail.com

Fonte da imagem: https://binsbox.com/post/20-images-with-deep-meaning-on-reality-of-life-these-days/